Certa manhã, o jovem escritor está na escrivaninha, transcrevendo os seus pensamentos enquanto toma o seu café clássico. Escrever é um prazer indispensável, ele pensa, há muitas pessoas que não gostem de escrever e achem bobagem. Azar deles. Escrever a mão traz originalidade, claro, ele questiona. O problema que restringe escrever a mão é a letra incompreensível. No meu caso, a minha letra é muito horrível, idêntica à de médico, ele admite. Sempre fui encurralado pelos livros, aliás, sempre que me sinto excitado quando leio um livro, talvez por prazer, reitero mais uma vez, ele acha.
Sobre como eu ingressei no mundo da leitura, na verdade, isso foi através da minha mãe – refrescando a memória do jovem escritor – que comecei, aos poucos, apreciando a leitura. Na minha época a minha mãe sempre me dava gibis (me perdi na conta de quantos gibis que já li) e ainda estimulava pela cultura geral. Ele se lembra de que a sua mãe foi uma das pessoas que deram mais incentivo pela leitura a mim porque sempre a achei uma leitora ativa e uma pessoa muito politizada, aliás, sempre a admiro até hoje, o escritor a considera como um exemplo para todas as mães.
Se ela não tivesse feito isso, o que aconteceria a mim?, ele imagina, brincando de criar cenas imaginárias. Eu certamente não me tornaria escritor e nem sequer faria faculdade de jornalismo. É certo que eu perambulasse pelas ruas, pedindo esmolas, ou trabalhasse sacrificamente para conseguir comida para os meus 10 filhos e a minha esposa. E inclusive não pudesse escrever, ele, continua, imaginando. Voltando ao assunto sobre o qual estamos conversando, estou escrevendo um texto, na verdade, no meu notebook, já que a minha letra é horrível em relação ao escrever a mão, ele admite mais uma vez. Como estamos no século XXI, surgindo várias tecnologias que nos ajudem a fazer nossas tarefas com eficiência e rapidez, por exemplo, escrever um e-mail com urgência para o destinatário importante. Após inúmeras distrações, ele começa a escrever um e-mail para o editor da redação da MTV numa forma de pergunta:
Prezado, acredito que você saiba quem é DM. Gostaria de saber se fui selecionado para a redação da MTV. Aguardo seu retorno. Forte Abraço, DM.
Depois que o e-mail foi enviado, o jovem sente que o seu sonho de trabalhar na MTV está mais distante porque talvez o pessoal de lá não goste dos meus textos que mandei. Mas vamos ver, ele disse mentalmente, cheio de expectativas, enquanto acessa à internet.
Continua escrevendo outro e-mail, para C:
Oi, C querida. Tudo bem? A sua viagem está sendo muito bem aproveitada? Tem algo de bom aí? Espero que você se divirta bastante. Escreva-me, por favor. Boas férias. Beijos.
Pronto. E-mail foi enviado. Talvez ela responde amanhã ou depois de amanhã, já que ela não levou o notebook dela. Vou lá ler meu livro para não perder meu tempo de aproveitar minhas férias neste período – enquanto ele desliga o seu brinquedo.